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Bertrand Editora

A Viagem do Oligarca

15,93€ 17,70€
9789722546096
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Oleg Porovich. Dono de uma fortuna que o coloca no topo das listas dos mais ricos do mundo, poucos conhecerão o seu nome, mas é ele o mordomo do Kremlin que chega a Portugal com uma missão mais importante do que os milhões que os seus negócios fazem mexer. A extrema-direita que varre a Europa, minando os princípios da democracia e deixando expostos a interferência externa governos e cidadãos, é a sua mais bela criação. Agora, a sombra do oligarca e do seu senhor alastram também a Portugal. «Numa viagem de comboio, o tempo passa de forma diferente.» Marcelo Silva, jornalista envolvido nas investigações de vários crimes de colarinho branco que fizeram parar o país, olha pela janela do comboio como quem olha pela janela do desencanto. Para quê tudo aquilo, afinal, se o que agora lhe resta é a inquietação frente àqueles que afrontou, o fantasma do envelhecimento que o surpreende e a melancolia de um futuro despojado que o atraiçoa? Estranha forma de vida, a sua e a do seu país. Uma mulher desaparecida e um antigo administrador da TAP assassinado, pescadores ilegais da Trafaria que não conhecem outra vida e ministros sem pátria que recebem malas de dinheiro em quartos de hotel, o líder de um partido populista que é na verdade um fantoche na mão do oligarca – Marcelo Silva é um homem acossado no terceiro thriller que Miguel Szymanski lhe dedica. Cada vez o conhecemos melhor, tal como através dele conhecemos uma elite perversa a soldo de um Portugal que não podemos ignorar. «Durante três anos, até Leninegrado se voltar a chamar São Petersburgo, trabalhara como chefe de turno no Krasnaya Strela, o Seta Vermelha, o comboio noturno que durante a noite fazia os 700 quilómetros entre Moscovo e São Petersburgo. No mesmo ano em que a sua cidade natal voltara ao nome antigo, também o KGB mudara de nome para FSB e Oleg Porovich, aos vinte e um anos de idade, mudara de tudo: de emprego, de mulher, de situação económica e de país. Largara lastro, deitara para fora as lealdades. Fora também nas viagens de comboio que conhecera Vladimir Vladimirovich Putin. Assim começara a sua ascensão. Ao ponto de ter acumulado mais poder do que alguma vez sonhara, e dinheiro, rios de dinheiro que brotavam incessantemente e aos milhares de milhões. Às vezes tinha de eliminar pessoas. Era inevitável. Um homem que caminha pelos esgotos pisa baratas, evitá-lo seria uma perda de tempo e não tornava os esgotos mais salubres. Nunca fora condenado por qualquer crime. Nem o seria.»

Miguel Szymanski

Português

264

09-2024

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