Andreas Ban, psicólogo que já não exerce e escritor que já não escreve, vive sozinho num apartamento austero numa pequena cidade da Croácia. Rodeado por livros, fotografias, resultados de exames médicos, cartas por responder e caixas por abrir, resgata memórias da família, de amigos perdidos, de antigos pacientes, e das suas histórias irremediavelmente entrançadas com a sombra da Segunda Guerra Mundial e do nazismo croata. Vendo-se definhar às mãos da velhice e da doença, apenas o cinismo e a ironia servem de armas a um intelectual marginalizado. Belladonna é uma poderosa parábola sobre o envelhecimento e a enfermidade numa Europa onde as atrocidades cometidas no século passado ainda palpitam. Pois, como defende Andreas Ban, é precisamente sobre coisas de que não se pode falar que devemos falar.
Dasa Drndic
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