HISTÓRIAS REAIS DO PORTUGAL RACISTA QUE AINDA VIVE NO MITO DO NÃO-RACISMO
Um homem quer alugar uma casa, mas assim que diz o seu nome africano deixa de receber respostas. Uma avó da Cova da Moura é atirada ao chão por um polícia quando pergunta pelo neto. Uma mulher negra com formação superior vai ao hospital e perguntam-lhe se sabe ler as placas informativas. Por causa da cor da pele. Tudo isto acontece em Portugal, a portugueses negros, e é contado na primeira pessoa no livro No País dos Brancos Costumes, que dá continuidade à investigação de Racismo em Português. Assim se completa o retrato de um país que em 1982 deixou de atribuir a nacionalidade portuguesa aos filhos de imigrantes nascidos em Portugal, e onde ainda há quem encontre listas de escravos (com os respectivos preços) nos baús dos avós, entre outros brandos - brancos - costumes.
«Vês casos de futebolistas que facilmente tiveram a nacionalidade, isso cria-te uma revolta. Vês alguns que chegam a Portugal e passados três anos têm a nacionalidade, e tu que nasceste cá... Não podes estudar, não podes jogar à bola, então o que podes fazer?»
«Se a Câmara vier aqui pôr-me na rua, da maneira que eu vejo fazer, que vida é a minha? Para onde vou? Para debaixo da ponte? Sou negro, mas sou português de nascimento. Andei a dar a minha vida pela pátria portuguesa. E agora: sou um cão?»
«Devíamos contar com a polícia. Mas eu quero é estar longe deles. Mesmo que fosse culpado, não deviam agir assim, eu não devia apanhar aquela porrada. Se fosse com um ‘tuga’ não tinha acontecido.»
«Quantos professores universitários negros existem nas universidades? Não é estranho num país que se orgulha da sua ‘experiência’ africana? Quantos deputados? Quantos directores de serviços públicos? Quantos ministros não-brancos teve este país?»
Inclui dvd de oferta, com as reportagens feitas para o jornal Público.
Joana Gorjão Henriques
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05-2018