As novelas de Stephen King têm um lugar muito especial no corpo literário do autor, ficção curta mas igualmente impressionante, histórias que permanecem com o leitor muito tempo depois de terminada a leitura. Várias destas novelas têm sido adaptadas ao cinema, com grande sucesso - destacamos Conta Comigo, com o saudoso rosto de criança de River Phoenix, e Os Condenados de Shawshank. O vasto raio de ação de King está patente de forma espetacular nestas quatro peças literárias que agora são publicadas. Na novela que dá título à coleção, Holly Gibney (que conhecemos da trilogia Sr. Mercedes e de O Intruso) terá de enfrentar os seus medos e, possivelmente, um novo intruso - desta feita, sozinha.
Em «O Telefone do Senhor Harrigan», uma amizade intergeracional ganha uma perturbadora vida após a morte. «A Vida de Chuck» explora como cada um de nós, individualmente, guarda dentro de si uma multidão de rostos. Em «A Ratazana», um escritor à procura de uma oportunidade debate-se com o lado negro da sua ambição. E se um dos grandes temas de King é a ideia do Mal, há dele quanto baste em Se Tem Sangue; mas também o seu oposto, que na ficção do autor se manifesta muitas vezes através da amizade. King recorda-nos que os prazeres do quotidiano são ainda mais gloriosos porque são fugazes, fugindo muitas vezes aos nossos olhos após o deslumbramento.
É nestes momentos das narrativas que o mérito literário de Stephen King para descrever a alegria mais pura só encontra rival no mérito literário que exibe quando nos quer verdadeiramente assustar.
Stephen King
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