«Tornarmo-nos homens (ou mulheres) enquanto lemos — em busca de algo similar, temos, pois, recorrido à ficção ao longo dos séculos. É isto que lhe pedimos: a construção do que somos ou queremos ser, ou a lenta descoberta de nós próprios através das palavras dos outros.» A vida é um ponto de vista: cada indivíduo está condenado a viver encerrado numa perspetiva, sujeito às coordenadas e limitações que ela impõe. Assumir outro ponto de vista, além de dificílimo, exige altas doses de imaginação, curiosidade e clarividência. Que papel tem nisto a literatura? Será o único reduto onde o mundo pode ser interpretado e iluminado? Neste livro, Vásquez defende que há na literatura uma maneira exclusiva e inimitável de dilucidar as complexidades da experiência humana, de iluminar a «vida invisível». O conhecimento que daqui emerge é mais indispensável hoje do que nunca: se vivemos cada vez mais confinados a uma realidade individual e menos talhados para as experiências partilhadas, o «mergulho no outro» nunca foi tão vital. Como disse Marcel Proust: «A verdadeira vida […] e por consequência a única vida digna de ser vivida, é a literatura.» Estes textos nasceram de um convite da Universidade de Oxford para que Juan Gabriel Vásquez proferisse as prestigiadas Conferências Weidenfeld, no passado confiadas a escritores como Mario Vargas Llosa, George Steiner, Umberto Eco ou Ali Smith. O resultado é uma reflexão imprescindível, de um notável artesão da escrita e do pensamento, merecedor de prémios tão prestigiados como o Impac Dublin Literary Award, o Prix du Meilleur Livre Étranger e o Premio Real Academia Española.