Aos 57 anos, a vida de Calista Frangopoulos parece ter chegado a um impasse pessoal e profissional. À partida de uma das filhas para um país longínquo e ao complexo dilema com que a outra se debate, soma-se o pouco trabalho que tem tido enquanto compositora de bandas sonoras. É no meio deste caos que recorda a sua própria juventude e os tempos passados com o grande realizador de cinema Billy Wilder.
Em 1976, por mero acaso, Calista dá por si em Los Angeles, num requintado jantar com grandes figuras do cinema, entre elas Wilder, que acaba por contratá-la como intérprete durante a rodagem do filme O Segredo de Fedora, numa belíssima ilha grega.
E assim, ao lado de um dos maiores nomes da sétima arte, numa ímpar jornada de aprendizagem e crescimento, Calista conhece os últimos momentos de uma forma de fazer cinema que então chegava ao fim. Ao mesmo tempo, começa a traçar o seu próprio caminho, descobrindo não apenas o amor, mas também os traumas privados e coletivos que o Holocausto deixou.
Num romance que evoca a passagem da juventude à idade adulta e faz o retrato íntimo de uma das mais intrigantes figuras do cinema, Jonathan Coe lança o olhar sobre a natureza do tempo e da fama, da família e da atração traiçoeira que a nostalgia consegue exercer sobre cada um de nós.
Jonathan Coe