Amesterdão, onde o português se refugiara de um sem-fim de
perseguições quase duas décadas atrás, empresta o seu labirinto de
canais, moradas esconsas de luz trémula, quadros vivos de uma quase
luxúria e ruelas empedradas pelas quais resvalam e se ocultam homens e
mulheres anónimos, tão refugiados como ele, um dia , o fôra.
Com olhares ansiosos e passos indecisos vão escrevendo estas linhas
em que o “ bem ” e o “ mal “ se fundem e confundem…
Quando na câmara-escura da memória se revelam retratos e perfis dos
fantasmas de um tempo ido, mas presente, despertam-se os demónios
obscuros, ressoam os ecos das bocas escancaradas e entoam-se
novamente os cânticos emudecidos.
Acordam-se, num ápice, os gestos enrugados e fica o tempo suspenso.
Anula-se o cansaço com um ranger de dentes… é a hora.
Baseada em factos, infelizmente, reais, sou obrigado, ainda assim, a
afirmar que esta é uma estória de ficção; pelo que, qualquer semelhança
com pessoas ou factos reais, são mera coincidência…