«O império português desapareceu há quarenta anos, fragmentado em partes, povos e comunidades que começaram então, também no sofrimento, na incerteza e na esperança, a sua vida na História. Século e meio antes, outra parte desse império tinha-se separado, com a independência do Brasil, essa mais pacífica, feita sem a comunidade internacional.
É a História acontecida, sancionada pela justiça dos factos. No mundo presente, a decadência da Europa e do Ocidente também é um facto. Agora, outros continentes, outros povos, outras áreas estão a tomar as chaves e as rédeas do futuro. A maioria dos povos lusófonos está nestas áreas e é agora como nós fomos: povos jovens, unidos, com a fé, a vontade e a força de fazerem coisas no mundo. E alguns têm os trunfos e os meios para os desafios que aí vêm.
O lugar dos portugueses, que não se resignam à mediocridade mansa ou ressentida de tributários do Centro Europeu, pode também ser ao lado desses povos, erguendo a partir de um passado unido, sofrido, dividido, uma convergência futura.»
Jaime Nogueira Pinto
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