«O primeiro dos meus últimos dias».
Foi este o meu pensamento, quando, em resposta a uma pergunta direta que fiz ao Dr. Lindoro, ele me disse:
«Sim, o tumor que tem é maligno.»
No dia em que soube sofrer de cancro, Jorge Nuno Pinto da Costa, o dirigente com mais títulos do futebol mundial, começou assim o texto que abre este livro, no qual partilha os pensamentos, as inquietações, as emoções, mas também as certezas dos seus três anos derradeiros de vida.
Terminou-o às três da manhã, deixando registadas três decisões: nunca mais perder tempo com os inimigos, aproveitar os dias que lhe restavam para conviver com aqueles de quem gostava e lutar até ao último dia pelo FC Porto.
A partir de então, e até ao momento em que lhe deram três meses de vida, foi-se preparando para o final, escondendo a doença dos mais próximos e registando o correr dos dias.
Entre outros temas, escreveu sobre o desaparecimento de alguns dos mais próximos, o atual casamento, os natais em família, os 42 anos de presidência, a última época desportiva, o dia-a-dia do clube, as 1000 vitórias, o último título, a decisão de não se recandidatar, a reversão dessa decisão e as eleições em que saiu derrotado.
São todas essas páginas que Pinto da Costa torna agora públicas, num livro que emociona e espanta, e que termina com a partilha daquilo que pretende para o seu funeral, incluindo quem quer e quem não quer que nele esteja presente. Nesse dia, os adeptos do clube que tornou referência internacional chorarão a perda do maior dos seus.